segunda-feira, 13 de setembro de 2010

MÚSICA: PODEROSA "MAGIA" DIVINA...

Quando penso em música é difícil expressar os sentimentos, tamanha complexidade abrange este tema; Mais do que sons e pausas, melodias, harmonias e ritmo, há nela poder e magia divinos!
Diz-se no velho oráculo chinês, o I Ching, que “a música tem o poder de dissolver as tensões do coração e a violência de emoções sombrias, que o efeito inspirador do som invisível emociona os corações dos homens, unindo-os... É um enigma que perdura desde os tempos mais remotos.”
Há duas experiências que comprovam a sabedoria deste oráculo: Uma trata de Davi e do rei Saul. A outra da trégua da guerra européia de 1914.
Davi, além de muitos feitos em sua vida e antes de tornar-se o segundo rei de Israel foi também um músico que tangia sua harpa muito bem. Ele foi incumbido de tocá-la para o rei Saul quando este estava possuído por um espírito maligno. Ouvindo-o, Saul acalmava-se... (ver I Sam. 16).
Outro exemplo incrível é o da trégua de uma guerra que houve na Europa entre França e Inglaterra X Alemanha. Na noite de 24 de dezembro de 1914 os soldados alemães enfeitaram árvores perto das trincheiras e cantaram NOITE DE PAZ. Os soldados adversários seguiram cantando músicas natalinas em suas línguas. Houve troca de pequenos presentes entre eles, amigos mortos puderam ser enterrados. Houve trégua nesta noite e em alguns locais, até o ano novo. MÚSICA PRESENTE MAIS UMA VEZ! Este relato está descrito em: http://instrumentalbrasil.com/chapadadoararipe/?p=3581
Há um poder mágico na música, nos sons, que exercem sobre nós um poder curativo, como um bálsamo, uma terapia muito prazerosa, ou um poder reverso... Ela nos alegra ou deprime, nos excita ou acalma e em alguns casos, acompanhada de uma letra pobre e ruim, causa-nos repulsa. Liberamos nossas tensões e expressamos muito do que sentimos e/ou do que somos através do tipo de música que ouvimos. E impossível negar o poder dos sons e da música sobre nossas vidas, pois estão impregnados em nosso DNA. É uma poderosa herança divina!
“As medicinas chinesa, tibetana e indiana valem-se dos sons, pois acreditam nas suas qualidades terapêuticas e purificadoras. Os indianos executam kirtans (melodias devocionais de ritmo relaxante que induzem à meditação). Os esotéricos utilizam-se de mantras, cantos, músicas, sinos e címbalos para compensar o efeito negativo de certos sons e beneficiar-se do positivo. Acreditam que um som bem utilizado purifica e beneficia a mente e o corpo”.(Bons Fluídos em Casa – Casa Cláudia – Ed. Especial/98).
E o que dizer de filmes, novelas e desenhos animados? Com certeza, não seriam os mesmos se não houvesse música! Uma belíssima trilha sonora ajuda muito a fazer filmes e novelas.
Já passamos do tempo em que a música, a boa música, era privilégio somente de reis e poderosos. Ela está ao alcance de todo e qualquer ser humano. Infelizmente hoje em dia banaliza-se a música acrescendo-lhe letras medíocres e fúteis. Somos responsáveis por nossos atos, pelo que falamos, fazemos ou deixamos de fazer, pelo que comemos e por que não dizer também pelo que ouvimos?
Se de fato somos adultos, e maduros o suficiente, cabe então a nós educadores e pais ensinarmos e incentivarmos filhos e alunos a serem mais críticos e analíticos das músicas e do todo ao seu redor. “Há músicas que são como mariposas de verão. “... Estão condenadas a durarem pouco...
Cada pessoa costuma gostar de um ou alguns estilos de música com os quais ela se identifica e que lhe faz bem. Por isso, não nos cabe combater estilos, mas sim lutarmos para que o que é bom e edificante de fato perdure, independente de estilos.
Que esta poderosa “magia” divina que é a música lhe inspire a crescer!
Josiane Busch da Rosa
Professora de violão

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

EDUCAÇÃO MUSICAL INCLUSIVA

Diagnosticar individualmente o perfil do aluno é viabilizar a transmissão do conhecimento levando em conta características que cada aluno tem e sua forma de receber a informação. Como professor de música, percebo que o professor deva utilizar a virtude da criatividade do músico como forma de encontrar formas de equiparar o aprendizado de seus alunos, variando a “receita” conforme o diagnóstico, levando em conta as limitações, que podem ser motoras, intelectuais, sociais, e também as virtudes de cada aluno. É necessário não perder de vista o fato de que devemos estimular o aluno a superar as dificuldades em aprender a produzir música.
Para construirmos uma educação mais inclusiva, precisamos entender o que é educação, e o que são padrões de educação. Padrões são convenções que vão seguindo o curso da evolução do conhecimento. Sendo que a educação é a transmissão deste conhecimento, sendo a analogia de edifícios e tendas um motivo de reflexão entre o que deve ser a base para uma plena inclusão, ou pelo menos próxima de atingir a todos.
Edifícios são construídos com bases sólidas e não se modificam a menos que implodidos. Pois muitas vezes é exatamente isso que mudaria o curso da história. Tendas podem atender as necessidades de nômades. Estes circulam o mundo, e com isso tem uma visão ampla de mundo sem se deterem ao que cercam as redondezas.
Assim, a educação inclusiva tem que possibilitar abrigar aqueles que precisam acolher conhecimento para fazerem parte do meio, tendo necessidades especiais. A educação inclusiva chega até elas assim como tendas chegam até lugares.
O edifício que representa a educação também cumpre o papel de referencial, de um sistema que foi escalando o conhecimento, porém com ele é que a exclusão passou a existir. Ele identificou uma questão que a humanidade teve que defrontar, somos diferentes. Percebemos o mundo de forma diferente, e as convenções que o conhecimento traz, devem servir como linguagem para todos.
A inclusão de crianças com necessidades especiais, tem sido uma reflexão para muitos educadores. Até porque, sabemos que a escola na contemporaneidade enfrenta grandes desafios no trabalho com crianças normais. Por conta da desigualdade social, miséria, e principalmente a violência que está adentrando nos seus portais. Acredito que para os professores da educação, não há nenhum problema incluir este grupo seleto de jovens e crianças. Porque vimos que é necessário a integração deles na sociedade. É preciso realmente reverter a exclusão e também redimensionar o trabalho pedagógico. As diferenças precisam ser trabalhadas para que haja um convívio harmonioso entre todos, assim faremos da escola um campo de conhecimentos tanto para alunos como para os professores. Mas o que é preciso entender, é se essas crianças com necessidades especiais, estarão felizes em um lugar que não se traduz a sua realidade.
Jean Carlo Beck
Instrutor da Escola de Talentos Muisicais

segunda-feira, 1 de junho de 2009

ESCOLA DE TALENTOS

A Escola de Talentos do município de Panambi, foi criada há dez anos atrás... era apenas uma idéia, uma tentativa, um projeto. Sabemos que boas idéias vingam, e esta também vingou! Tanto, que hoje está presente na vida de mais de 370 alunos, de forma direta, através de aulas de instrumentos, e também, através da musicalização em algumas escolas de nosso município, atingindo desta forma quase 900 crianças. Deixou de ser apenas um projeto: virou uma realidade!
Há três anos atrás tive o privilégio de ser contratada como "instrutora de teclado", através de concurso público, na Escola de Talentos. A princípio tive receio de como seria esta experiência, pois até então, como professora, só havia trabalhado com um aluno de cada vez, não três ao mesmo tempo! Mas o tempo é nosso maior aliado, e o processo de musicalizar crianças e adolescentes se tornou parte de minha vida. Não vejo esta oportunidade somente como um trabalho, vejo como uma experiência de vida. A partir do momento que decidimos ser professores, automaticamente fazemos parte da formação de uma pessoa, de um indivíduo. Essa nossa capacidade como professores é maravilhosa! Ver crianças que chegam até nós sem o mínimo de conhecimento teórico e prático, em seis meses ou até um ano, estão alfabetizadas na música e já dominam relativamente o instrumento. Com a música se alcança o domínio da atenção, pois não se pode fazer música sem concentração; com ela vem a disciplina do estudo, e isso tudo ajuda no desempenho escolar dos alunos. Não são nossas considerações, são os professores das escolas que nos dão este retorno. Abrimos os horizontes de nossas crianças: o mesmo mundo que ela hoje percebe e decifra também é o mundo de outra criança no outro lado do mundo! A música tem esta capacidade de se tornar uma linguagem universal! Meu desejo, como professora, é de que, cada vez mais crianças venham até a Escola de Talentos, façam parte de sua história! Nossos parceiros incansáveis, o Rotary Clube de Panambi, e a Prefeitura Municipal, através de sua Secretaria de Educação e Cultura, não se cansam de investir na Escola e no seu bom funcionamento. Temos todo o apoio destes parceiros, e assim podemos oferecer aos nossos alunos uma instrução adequada.
Certa vez fomos questinados quanto a "revelação" de um talento: "afinal o nome não é Escolda de Talentos? Quais 'talentos' foram revelados?" Nos questionamos... e chegamos a conclusão de que talento nasce com a pessoa, e dependendo de sua educação e oportunidades, ele se revela. Então, acreditamos que estamos fazendo parte desta oportunidade de encaminhar estas crianças para que futuramente, se elas desejarem dar continuidade ao estudo da música e terem boas oportunidades, aí então se revelarão nossos talentos!!!
Que Deus nos ajude nesta maravilhosa missão!

Janete Kepler Wächter
Professora Instrutora de Teclado da Escola de Talentos da Prefeitura Municipal de Panambi - RS

terça-feira, 26 de maio de 2009

REFLEXÕES SOBRE ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AULAS DE VIOLÃO EM GRUPO

Sou professor de violão no Projeto da Prefeitura Municipal de Panambi, RS, intitulado Escola de Talentos, desde 2007. Os alunos são oriundos das escolas públicas municipais e estaduais e a idade varia de 8 a 15/16 anos quando normalmente completam o Ensino Médio. As aulas são em grupos de 4 até 8 alunos organizados de acordo com o nível de conhecimento musical. Atualmente ministro aulas para 16 turmas somando mais de 70 alunos.
A dinâmica de trabalho nas aulas de violão em grupo visa a colaboração mútua entre todos, onde a relação de atenção e ajuda é fundamental para o desenvolvimento da aprendizagem.
De acordo com alguns autores (MORAES, 1997; CORRÊA, 2002; CRUVINEL, 2005) o professor de ensino em grupo deve ter capacidade para orientar, dirigir ensaios e tocar com os alunos. Dependendo do ambiente propiciado, todos poderão aprender uns com os outros, valorizando o que fazem associado ao estímulo para que criem e continuem aprendendo a tocar um instrumento.
Segundo Pernigotti

[...] professores e alunos passam a ser aprendentes, onde todos colaboram no sentido da aprendizagem. Assim, é fundamental o papel do professor também como ouvinte, investigando e interpretando as necessidades dos alunos, cruzando-as com as necessidades de ensino da disciplina (Pernigotti, 1999).

Moraes (1997) afirma que o papel do professor é ser um consultor, facilitador, “líder democrático”, podendo abdicar algumas vezes da liderança em favor da iniciativa dos alunos. De acordo com o mesmo autor (Moraes, 1997), as aulas em grupo por si só não têm poder para incrementar a motivação e o aprendizado sem uma condução adequada das atividades e sem uma administração correta da dinâmica social do grupo. Por isso, são necessárias algumas habilidades: dinamismo, a liderança, sensibilidade, competência social refinada e habilidade de se comunicar de forma clara e adequada.
Cabe então ao professor avaliar o contexto da turma de alunos valorizando as suas preferências e aprendizagens e, ao mesmo tempo, colaborar com sua formação musical procurando acrescentar conhecimentos, apresentando novos materiais e possibilidades que provavelmente sozinhos não teriam acesso.
Entretanto, é sabido que, muitas vezes, os alunos tocam e conhecem melhor certos estilos que o próprio professor. Aproveitar isso em benefício da classe é tarefa do professor, que pode utilizar o repertório conhecido pelos alunos proporcionando novas aprendizagens no contexto da sala de aula, (Corrêa, 2002).
De acordo com Corrêa (2002), nos trabalhos em grupo os alunos aprendem a ouvir um ao outro, contribuindo com sugestões e interagindo com os colegas. Segundo o mesmo autor, no trabalho em grupo não só se respeita diferenças individuais, reconhecendo que os ritmos e interesses são distintos, em razão da bagagem e objetivos de cada um, mas também se aproveita essas diferenças para o processo de ensino e aprendizagem (Corrêa, 2002).
Para Corrêa (2002), na dinâmica de aprendizagem em grupo, a aquisição da leitura e repertório são ferramentas indispensáveis. As formas de escrita e leitura musicais podem ser tratadas como uma conseqüência dos trabalhos práticos desenvolvidos, sendo introduzidas aos poucos, para que os alunos possam perceber as leituras como uma forma de registrar o que estão tocando. Através dos sistemas de escrita, é possível reconhecer detalhes de execução e interpretação que não seriam possíveis sem a notação.
É importante atentar para um repertório variado de composições e arranjos para as aulas. Parte do material pode ser conseguido a partir do acervo pessoal do professor, de colegas músicos e professores, da internet e material coletado durante a faculdade de Música ou de cursos realizados. Mesmo assim, em razão da diversidade de perfis dos alunos, não é tarefa fácil encontrar e conciliar bons materiais adequados às aulas de violão. Desta forma, surge a necessidade de desenvolver a habilidade de compor arranjos e adaptações adequados às diferentes situações de ensino e aprendizagem. A carência de materiais escritos ofertando arranjos para grupos instrumentais e materiais para aulas em grupo mereceriam mais atenção por parte dos pesquisadores e professores de ensino e aprendizagem em grupo.
Adriano Kronbauer
Professor de violão licenciado em Música pela Universidade Federal de Santa Maria / UFSM.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, Marcos Kröning. Aprendizagem musical em grupo: práticas instrumentais de violão no curso de licenciatura em música da UFSM. Expressão – Revista do Centro de Artes e Letras. Santa Maria: UFSM (2), Jul/Dez, 2002.

CRUVINEL, Flavia Maria. Educação Musical e Transformação Social. Goiânia: ICBC, 2005.

MORAES, Abel. Ensino Instrumental em grupo: uma introdução. Música hoje: revista de pesquisa musical n°4. EMUFMG, 1997, p. 70 – 78.

PERNIGOTTI, Joyce M. et al. Aceleração da aprendizagem: ensaios para transformar a escola. Porto Alegre: Mediação, 1999.

terça-feira, 17 de março de 2009

A MÚSICA COMO FATOR DE SENSIBILIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A música está presente em diversas situações da vida humana. Existe música para adormecer, música para dançar, para chorar os mortos, para conclamar o povo a lutar, o que remonta à sua função ritualística. Presente na vida diária de alguns povos, ainda hoje é tocada e dançada por todos, seguindo costumes que respeitam as festividades e os momentos próprios a cada manifestação musical. Nesses contextos, as crianças entram em contato com a cultura musical desde muito cedo e assim começam a aprender suas tradições musicais.

“A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas, etc. Faz parte da educação desde há muito tempo.” (BRASIL, 1998: 45)

É uma das formas importantes de expressão humana, o que por si só justifica sua presença no contexto da educação, de um modo geral, e na educação infantil, particularmente.
A música é um dos diferentes recursos que contribuem para o desenvolvimento cognitivo e emocional da pessoa humana e que merece especial atenção.
A criança que tem a oportunidade de fazer experiências musicais amplia a sua forma de expressão e de entendimento do mundo em que vive. Essa vivência pode possibilitar o desenvolvimento do pensamento criativo.
A música é um benefício para a formação, o desenvolvimento, o equilíbrio da personalidade da criança e do adolescente. Ao mesmo tempo em que desenvolve sua criatividade, a expressão musical promove a autodisciplina e desperta a consciência rítmica e estética.
O acesso à música constitui-se nas possibilidades de criar, de interpretar ou de ouvir, que podem ser estimuladas, desenvolvidas e educadas. A educação musical é atualmente abordada pelo que pode ser chamado de “música criativa” — aquela em que, através da experimentação, a criança vai descobrindo a natureza dos sons e improvisa canções sozinha ou em grupos. A criança pode ainda, a partir de uma melodia, criar arranjos de vozes e instrumentos. Enfim ela deve ser levada a criar música.

“A educação musical, do ponto de vista pedagógico, tem buscado renovar-se, priorizando a atividade e a participação do aluno — aprender fazendo. A educação musical ativa desencadeia na criança a alegria de fazer música em conjunto, contribuindo, assim, para sua socialização. É fazendo música que a criança se torna sensível aos elementos musicais: melodia, ritmo, harmonia, forma, cores sonoras (timbres) e movimento ( tempos rápidos, médios e lentos). “ ( MÁRSICO, 92: 24)

Mesmo que as formas de organização social e o papel da música nas sociedades modernas tenham se transformado, algo de seu caráter ritual é preservado, assim como certa tradição do fazer e ensinar por imitação e “por ouvido”, em que se misturam intuição, conhecimento prático e transmissão oral. Essas questões devem ser consideradas ao se pensar na aprendizagem, pois “o contato intuitivo e espontâneo com a expressão musical desde os primeiros anos de vida é importante ponto de partida para o processo de musicalização” ( BRASIL, 1998:48) . Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mãos, etc., são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem a necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvem a vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez mais elaborados.
O uso da música em escolas, como auxiliar no desenvolvimento infantil, tem revelado sua importância singular, pois a criança, através de canções, vive, explora o meio circundante e cresce, do ponto de vista emocional, afetivo e cognitivo; cria e recria situações que ficarão gravadas em sua memória e que poderão ser reutilizadas quando adultos.

“O desenvolvimento pleno das potencialidades da criança inclui o despertar da capacidade auditiva. O ouvido sensível discrimina volume, intensidade e altura dos sons, assim como a pronúncia de sons articulados. O ouvinte sensível é capaz de apreciar com maior intensidade de sentimento a boa música e satisfazer-se através dessa atividade.” (WEIGEL, 1988: 168)

Pessoas que têm habilidade de traduzir os sons da natureza ou aqueles criados na mente em padrões musicais, caracterizam-se como pessoas dotadas de Inteligência Musical. Inclui a habilidade do sapateado, bater palmas em sintonia, dançar, compor e/ou tocar um instrumento musical, criar jogos e canções rítmicas. A inteligência Musical – Rítmica não tem nada a ver com o talento para cantar.
A Inteligência Musical é a aptidão para se expressar por meio dos sons, para organizá-los de maneira criativa, a partir da discriminação de elementos como tons, timbres e ritmos:
- Tom: altura de um som na escala musical;
- Timbre: qualidade distintiva do tom;
- Ritmo: freqüência de emissão de sons.
As pessoas dotadas desse tipo de inteligência geralmente não precisam de aprendizado formal para exercê-la, como é o caso de muitos músicos famosos.
Há duas formas de processar esses elementos: a figurativa e a formal. O processamento figurativo é intuitivo, baseado na escuta. É o “saber como”. Já o processamento formal é o conhecimento musical, o “saber sobre”.
Todos têm potenciais diferentes, mas todos com capacidades para desenvolver todas as inteligências. Faz-se isso naturalmente. A Inteligência Musical é estimulada se o cantar for um hábito diário. Deve-se considerar também que a carga genética pode ser decisiva.
Algumas pessoas herdam de seus pais uma habilidade musical superior a outras. Porém, se forem criadas num ambiente que não lhe proporcione contato algum com a música, suas chances de se destacar musicalmente serão pequenas.
A Inteligência Musical é uma competência presente em qualquer ser humano, mas oculta pelo preconceito de que nem todos podem ter esse dom. Essa notável língua da inteligência humana provoca encantamento mesmo em quem não a compreende bem.
Considerando que a música faz parte do cotidiano de todos, cabe ao educador aproveitar-se dos benefícios trazidos por ela e utilizá-la como forma de alcançar outras inteligências, ou simplesmente explorá-la, desenvolvendo ou aperfeiçoando habilidades dos alunos, através da estimulação.
Marielli Costa Beber
Graduada em Pedagogia pela UNICRUZ
Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA INTEGRAÇÃO DAS CRIANÇAS NAS ESCOLAS

A música pode contribuir concretamente para a melhoria da aprendizagem, colaborando e melhorando o relacionamento dos alunos em sociedade e em sala de aula.
A importância da música na construção do saber é regida pela espontaneidade, pertence à dimensão do sonho, da sensibilidade, privilegia a criatividade, a inventividade, a imaginação e acima de tudo, abre novos caminhos.
A vivência de um processo metodológico, que se utiliza da música, revelará a possibilidade de construir um novo mundo, com mais equilíbrio, harmonia e amorosidade.
A música enriquece o espaço de aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento da criança, pois a partir dela, professores e alunos envolvem-se com possibilidade de aprender permitindo a significação de conhecimentos que se movimentam em direção ao saber.
A criança tem direito de ser feliz como criança. A nós, adultos, cabe o dever, junto ao Estado, de proporcionar à criança as condições básicas para o seu desenvolvimento, ou seja, junto com o carinho, o alimento, a educação, saúde, que a música seja desenvolvida.
Temos consciência da importância da música na educação como interação social da criança entre seus colegas para poder construir sua lógica, seu valores sociais, morais, para que possa se ajustar na sociedade de forma prazerosa e interagindo de maneira humana com os seres com que convive.
A música, nas suas mais diversas formas de expressão, é capaz de contribuir para a estimulação das inteligências múltiplas, auxiliando para uma aprendizagem mais eficiente, prazerosa, interferindo positivamente na auto-estima do indivíduo, respeitando a sua singularidade. Através da música somos capazes de expressar os sentimentos mais profundos, estes que dificilmente seriam manifestados através da palavra.
A criança por natureza é musical, e assim como no jogo, se permite vivenciar suas fantasias inconscientes.
É necessário que as diversas áreas do nosso cérebro sejam estimuladas, ajudando os neurônios a fazerem novas conexões, diversificando nossos campos de interesse, nos conhecendo melhor para agirmos com maior segurança e criatividade.

Henrique Pflüger
Graduado em Música pela UFSM
Especialista em Psicopedagogia Institucional