terça-feira, 26 de maio de 2009

REFLEXÕES SOBRE ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AULAS DE VIOLÃO EM GRUPO

Sou professor de violão no Projeto da Prefeitura Municipal de Panambi, RS, intitulado Escola de Talentos, desde 2007. Os alunos são oriundos das escolas públicas municipais e estaduais e a idade varia de 8 a 15/16 anos quando normalmente completam o Ensino Médio. As aulas são em grupos de 4 até 8 alunos organizados de acordo com o nível de conhecimento musical. Atualmente ministro aulas para 16 turmas somando mais de 70 alunos.
A dinâmica de trabalho nas aulas de violão em grupo visa a colaboração mútua entre todos, onde a relação de atenção e ajuda é fundamental para o desenvolvimento da aprendizagem.
De acordo com alguns autores (MORAES, 1997; CORRÊA, 2002; CRUVINEL, 2005) o professor de ensino em grupo deve ter capacidade para orientar, dirigir ensaios e tocar com os alunos. Dependendo do ambiente propiciado, todos poderão aprender uns com os outros, valorizando o que fazem associado ao estímulo para que criem e continuem aprendendo a tocar um instrumento.
Segundo Pernigotti

[...] professores e alunos passam a ser aprendentes, onde todos colaboram no sentido da aprendizagem. Assim, é fundamental o papel do professor também como ouvinte, investigando e interpretando as necessidades dos alunos, cruzando-as com as necessidades de ensino da disciplina (Pernigotti, 1999).

Moraes (1997) afirma que o papel do professor é ser um consultor, facilitador, “líder democrático”, podendo abdicar algumas vezes da liderança em favor da iniciativa dos alunos. De acordo com o mesmo autor (Moraes, 1997), as aulas em grupo por si só não têm poder para incrementar a motivação e o aprendizado sem uma condução adequada das atividades e sem uma administração correta da dinâmica social do grupo. Por isso, são necessárias algumas habilidades: dinamismo, a liderança, sensibilidade, competência social refinada e habilidade de se comunicar de forma clara e adequada.
Cabe então ao professor avaliar o contexto da turma de alunos valorizando as suas preferências e aprendizagens e, ao mesmo tempo, colaborar com sua formação musical procurando acrescentar conhecimentos, apresentando novos materiais e possibilidades que provavelmente sozinhos não teriam acesso.
Entretanto, é sabido que, muitas vezes, os alunos tocam e conhecem melhor certos estilos que o próprio professor. Aproveitar isso em benefício da classe é tarefa do professor, que pode utilizar o repertório conhecido pelos alunos proporcionando novas aprendizagens no contexto da sala de aula, (Corrêa, 2002).
De acordo com Corrêa (2002), nos trabalhos em grupo os alunos aprendem a ouvir um ao outro, contribuindo com sugestões e interagindo com os colegas. Segundo o mesmo autor, no trabalho em grupo não só se respeita diferenças individuais, reconhecendo que os ritmos e interesses são distintos, em razão da bagagem e objetivos de cada um, mas também se aproveita essas diferenças para o processo de ensino e aprendizagem (Corrêa, 2002).
Para Corrêa (2002), na dinâmica de aprendizagem em grupo, a aquisição da leitura e repertório são ferramentas indispensáveis. As formas de escrita e leitura musicais podem ser tratadas como uma conseqüência dos trabalhos práticos desenvolvidos, sendo introduzidas aos poucos, para que os alunos possam perceber as leituras como uma forma de registrar o que estão tocando. Através dos sistemas de escrita, é possível reconhecer detalhes de execução e interpretação que não seriam possíveis sem a notação.
É importante atentar para um repertório variado de composições e arranjos para as aulas. Parte do material pode ser conseguido a partir do acervo pessoal do professor, de colegas músicos e professores, da internet e material coletado durante a faculdade de Música ou de cursos realizados. Mesmo assim, em razão da diversidade de perfis dos alunos, não é tarefa fácil encontrar e conciliar bons materiais adequados às aulas de violão. Desta forma, surge a necessidade de desenvolver a habilidade de compor arranjos e adaptações adequados às diferentes situações de ensino e aprendizagem. A carência de materiais escritos ofertando arranjos para grupos instrumentais e materiais para aulas em grupo mereceriam mais atenção por parte dos pesquisadores e professores de ensino e aprendizagem em grupo.
Adriano Kronbauer
Professor de violão licenciado em Música pela Universidade Federal de Santa Maria / UFSM.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, Marcos Kröning. Aprendizagem musical em grupo: práticas instrumentais de violão no curso de licenciatura em música da UFSM. Expressão – Revista do Centro de Artes e Letras. Santa Maria: UFSM (2), Jul/Dez, 2002.

CRUVINEL, Flavia Maria. Educação Musical e Transformação Social. Goiânia: ICBC, 2005.

MORAES, Abel. Ensino Instrumental em grupo: uma introdução. Música hoje: revista de pesquisa musical n°4. EMUFMG, 1997, p. 70 – 78.

PERNIGOTTI, Joyce M. et al. Aceleração da aprendizagem: ensaios para transformar a escola. Porto Alegre: Mediação, 1999.

Um comentário:

  1. Buenas meu amigo Adriano, estava navegandi na internet procurando material pra começar lecionar violão aqui numa cidade chamada Taió-SC.
    Sou gaucho de Portoa Alegre e por tocar em varios grupos gauchos e ter um gosto especial por violão (gosto este q me levou a estudar com Lúcio Yanel), adquiri com o tempo um jeito proprio e forte de tocar milongas e chamamés, ao estilo Ricardo Martins de Livramento, e por isso aqui em Taió o pessoal gosta de me ver tocar e estão querendo q eu de aulas pras prefeituras na volta por meio de projetos, mas aí veio um grande problema: não sei por onde começar, como elaborar aulas em grupos pois ensinava violão qdo morei no RS mas geralmente qm me via tocar e queria aprender alguma coisa a mais, mas num centro de cultura tem q ser mais elaborado e expor resultados q não sei buscar, gostaria muito que me ajudasse neste problema.
    Meu msn é adriano8cordas@yahoo.com.br
    Gracias hermano

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